domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ele só pensou em meu futuro.......ou uma boca a menos?

O início de minha vida ,para a época era muito natural,mas nem todos tinham final feliz.
Hoje existe este tipo de vida e situações nos sertões no norte e nordeste,ainda existe uma vida já vivi-
da por mim há anos,mas nossa região já não se vê mais histórias assim.O progresso chegou e as men-tes acompanharam seu desenvolvimento.
Bem vou narrar meu início,para que entendam como tudo se passou.Éramos colonos,como tantas outras famílias,a fazenda era muito grande.Não passávamos fome porque tudo que plantava dava,e os
empregados trabalhavam a troco de um teto,um pedacinho de chão para plantar o que quisesse.Não tinha como tentar sair daquela vida ,para aventurar atrás de algo melhor noutro Estado ou cidade.Na
fazenda tinha uma vendinha que alí todos tinham sua cadernetinha para comprar suas necessidades.
Todo mês na hora do acerto ficava um resto para o mês seguinte,com isso a gente se prendia ao fazendeiro a ponto de não ter outra opção,bom ou ruim era ficar quieto,e até hoje não sabemos se de fato a contabilidade destas comprinhas foram verdadeiras ou não pois ninguém tinha leitura,como con-ferir?e mesmo que tivesse alguém letrado como ousar duvidar?Essa era a nossa vida.Não éramos infelizes não,para a gente a vida era assim mesmo,e assim caminhávamos,pai,mãe e todos alí tinha no
mínimo onze filhos.Eles achavam que era a vontade de Deus....mas o que acontecia com os ricos?ou
eram inteligentes ou não eram férteis pois tinham no máximo dois filhos,e já na adolecência vinham para a cidade resolver o futuro nos melhores colégios e seguiam seus rumos virando doutores.
A mentalidade dos pobres era de que mulher nascia,crescia,casava e procriava e os homens  nascia
crescia e lavrava.
Um dia a dona da fazenda foi falar com minha mãe se ela me dava para ela,o interesse era que queria
uma companhia,e eu era a idade ideal pois com onze anos ainda não tinha a malícia e nem era criança
para dar trabalho.A proposta era que eu fosse ,e ela me teria como filha e me estudaria para professo-
ra.......isso soava tão bem para os pais era um luxo falar em professora.Bom, eu estava  depois de uns sete e antes de uns cinco,meu Deus quanta boca............ Para mim tanto fazia,naquele tempo a voz e a
decisão  dos pais era a voz de Deus.A gente simplesmente obedecia.Não achei ruim não.mas cheguei a pensar que meus pais não me queriam mais.Mas eu gostava da mulher era dada e não era soberba,co-
mo tantas outras.Esse tipo de negociação era tão comum,e a gente continuava a ter contato com os
familiares.
Eu me fui,de fato fui ter uma vida muito diferente daquela que meus irmãos tinha,a mulher era mes-
mo uma mãe para mim,me ensinava escrever,bordar,cozinhar e até tocar piano.Me ensinou a tratá-la de tia.......sabe que no início eu fiquei chateada mas depois vi que tirei a sorte grande......Fui para o tal melhor colégio, fiz o clássico,o normal me tornei a tal professora com muito mérito,dei orgulho a tal minha tia,fiz amizades
ótimas enfim.......me fiz na vida graças a atitude de meu pai tão sem compreensão e a bondade desta
senhora,que depois que eu fui morar com ela meus pais e irmãos tiveram uma vida muito melhor,ela os
amparava pelo grande favor.Foi um erro que deu certo para meu pai para mim enfim para todos.
Neste ambiente de paz,etiquetas,cultura eu acabei conhecendo o médico da família e me casei muito bem ,me tornei uma dama,coisa que se ficasse alí onde estava me tornaria uma lavadeira e escrava do
marido.
Tive a felicidade de ter três filhos e poder dar a eles uma vida digna e progressa,nada foi por acaso,se
meu pai pensou assim ou assado ......obrigado pelo seu pensamento meu pai......sou uma mulher realizada.......








Autora:annaterra