domingo, 23 de novembro de 2014

amigo secreto.....

Lettering presente de Natal          Hoje aproveitando a época mais bonita do ano
 algo que me marcou demais vou relembrar ....fazem anos e anos mas ficou marcado em mim, eu era uma criança e a coadjuvante da história também mas mesmo que ela leia este relato não associará ao fato pois para ela foi algo engraçado e nem se lembra mais...
.Eu fazia o ginásio num colégio onde só meninas ricas podiam estar,era gratuito  mas era preciso uma prova de fogo para conseguir vaga só as meninas com  uma base  primária forte conseguia mas,eu era determinada e passei.
Eu era extremamente pobre, as meninas nem imaginavam onde eu morava .O colégio ficava na rua principal da cidade e todas elas eram do centro e eu morava no fim da zona urbana quase que rural e caminhava quilômetros todos os dias para chegar na escola.Na época eu não achava longe não era tudo muito natural.
Arranjei muitas amigas,tinha a panelinhas das riquinhas mais sofisticadas mas nos dávamos bem com muitos ...limites.O amigo secreto hoje já quase não faz parte de nossa tradição, pela distância das pessoas ou a seletividade de presentes, este evento já não tem tanta força mas naquele tempo era importantíssimo,fazia parte de nossas vidas de nosso natal....
Chegou o grande dia de escolher secretamente o amigo e a gente levava tão á sérioque não contávamos nem para melhor amiga quem era nossa amiga ou amigo secreto.
Eu só dependia de minha mãe na questão dinheiro e ela por sua vez dependia das patroas pois lavava e passava dia e noite para muita gente e muita gente também dependia deste seu trabalho.......éramos oito filhos todos crianças ,mas ela sempre dava seu jeitinho de acomodar as coisas.Foi com muito sacrifício e me lembro até hoje do presente que ela comprou....era um caneco de louça muito bonito ,grande e personalizado.Eu tive o azar de pegar uma das mais ricas ..elas eram duas irmãs as .mais frias comigo,seu pai era um grande empresário e até hoje mantem sua empresa.
No dia da entrega e das descobertas era feito um palco e cada um subia lá de chamava seu amigo até então secreto e lhe entregava o presente que abria e todos participavam do momento,este já ficava alí mesmo para chamar o próximo.... chegou minha vez....chamei a amiga e lhe entreguei o presente,acho que fiz bonito e me senti orgulhosa,aquilo para mim tinha muito valor pois tinha consciência do quanto minha mãe trabalhou para poder realizar esta façanha....
Chegou minha vez... uma das irmãs ricas  tinha me pego,a caixa era imensa eu tão pequenina mal conseguia segurar,a expectativa do público era grande pois grande era o presente.....fui eu desembrulhar,uma caixa dentro da outra e outra e outra até que chegou numa caixinha de fósforo...era um....chiclete.....não faltou gargalhadas e meu coração chorou...não pelo presente porque  mesmo sendo uma criança eu já sentia desprezo e  arrogância que hoje é chamado de bulling....ainda bem que já não teria mais aulas era fim de ano letivo,a minha esperança era que no ano seguinte ningué mais lembrasse da história.....engano meu alguns ainda iriam se lembrar por muito tempo não como eu que levo este trauma comigo....desde este dia nunca mais masquei um chiclete...e criança gosta muito e eu adorava....essa mulher hoje não sabe o quanto me fez mal,estragou meu Natal e me causou a baixa  autoestima mesmo sendo outra criança ela já carregava a maldade  e o preconceito com ela.
 A verdade é uma só ....que dá  a bofetada esquece e quem leva.....leva para sempre....
Autora :Annaterra









terça-feira, 16 de setembro de 2014

Deus foi me dirigindo.....

Para contar minha história tenho que voltar onde não queria mas não posso me esquecer porque é o que me dá forças para seguir sempre.
Morávamos num porão, meu pai minha mãe e mais três irmãos,eu com quatorze e os outros vinham atrás.A
vida não estava nada fácil e encorajadora,minha mãe era alcoólatra assumida,vivia bêbada pelos cantos e eu tive que tomar as rédeas da casa,meu trabalhava era um bom homem,com o tempo ele foi embora  e eu não o culpei era difícil o convívio.O dono do porão por pena ou por me achar esperto porque via tudo que se passava ali naquele cubículo,me chamou para ajudá-lo numa marcenaria que tinha, e me propôs a ensinar o ofício.
Antes de trabalhar eu colocava meus irmãos na escola e deixava a casa em ordem...se é que podia chamar aquilo de casa mas,era o que tínhamos para nos abrigar.
O tempo foi passando aquela vidinha pacata mas eu tinha um sonho por isso fingia não sofrer com tudo aquilo.
Eu queria encaminhar meus irmãos e me tornar alguém muito diferente de meus pais.Depois de tantas idas e vindas ao hospital psiquiátrico minha mãe se foi......fiquei com muita pena porque a coitada não sentiu o sabor da vida,ela não nos fazia falta, fui pai e mãe na casa,mas faltava algo um porto seguro mesmo que fosse tão frágil.Segui em frente ,o dono do porão e meu patrão não quis mais cobrar o aluguel então meu dinheirinho dava para comer calçar meus irmãos,vestir e até levá-los para passear de vez em quando.
Meu pai vinha sempre nos visitar era outro infeliz,nunca soubemos porque minha mãe bebia tanto,o que ela queria esquecer????? ficamos sem saber...ele deveria saber,algo que a magoou demais porque era uma boa mãe mas ausente de nossas vidas,criou um mundo só para ela.....Bem  eu seguia sempre querendo melhorar mais e mais e ver meus irmãos se dando bem nos estudos,e que fossem felizes eles me viam como pai e me respeitavam  era Deus na frente enquanto eu determinava....
A vida foi ficando colorida,eu consegui estudar o bastante para com minhas economias abrir uma fabriqueta de móveis graças ao professor que tive desde a minha infância,que era o dono do porão,graças á ajuda dele que praticamente me adotou eu me fiz um homem de bem,estudado e com uma profissão excelente.Meus irmãos cada qual foi crescendo se empregando estudando e se fizeram ótimas pessoas.
Hoje quarenta anos após toda essa tragédia me sinto com dever cumprido,eu me orgulho de mim,meus irmãos me amam e me agradecem e eu fico feliz em vê-los tão bem sucedidos.
Não sou mais empregado,eu só oriento,tenho uma grande fábrica de móveis e tenho numa parte da loja um canto onde dedico algumas horas a ensinar meninos que queiram seguir meus passos assim como fez o dono do porão eu retribuo sem querer nada em troca ....apenas  faço o que tem que ser feito,Deus esteve sempre comigo e não me deixou cair,e passo isso a meus aluninhos,conto minha história a cada um que chega com vontade de aprender....Digo a ele que um dia o caminho escuro clareia basta crer e seguir .Deus é maravilhoso e nos dirige se a gente  deixar ele pilotar nossa  vida...



Anna terra.

domingo, 3 de agosto de 2014

A ferida foi muito grande.....


                                                          

Hoje já posso falar do assunto, precisei de anos para poder tocar na ferida sem sangrá-la, preciso falar  aproveitando que percebi que já não dói mais ...que ficou no passado e eu entendo que não vivo mais lá...
Eu tinha mais ou menos quinze anos e fazia o colegial que hoje significa o ensino médio. Minha mãe então depois de ter nos criado pois éramos quatro e ela deixou de prosseguir os estudos para nos dar atenção
ela resolveu voltar a estudar e junto comigo achei super legal e todos em casa. Meu pai ,um homem distinto,amoroso,trabalhador era administrador de empresa e se dedicava ao máximo ao seu trabalho.
O casamento deles era perfeito, eu nunca assisti uma discussão entre eles que não fosse normal éramos unidos e felizes.
Para irmos á escola  que era noturna foi preciso  contratar uma van e depois meu pai ia nos buscar pois
ele chegava fora de hora mas nunca nos deixou esperando.
No recreio eu raramente via minha mãe mas, não me preocupava ela estava sempre nas rodinhas dos adultos.
Uma noite durante este período eu precisei dela e não encontrei, comecei a olhar no banheiro no jardim e não encontrei....depois ela me disse que estava noutra sala conversando.
Outra vez no recreio ela sumiu eu fui procurar e dei de cara com uma cena terrível...ela estava atrás do colégio nos braços do motorista da van.....foi demais....um homem casado,grosso,sem profissão definida
era o avesso de meu pai que era um homem bom carinhoso, fino e que fazia todos os gostos dela nunca 
precisou que ela se frustrasse por não ter conseguido seu sonho de consumo.....não era justo o que ela estava fazendo com ele..... naquele momento ela já caiu do meu conceito, eu a congelei....não falei...e também não falei nos dias seguintes.....como eu poderia  deixar meu pai saber de algo tão sujo,eu não podia, não tinha como sair da minha boca palavras que iam marcá-lo para o resto da vida....sim ele vivia para a família....
Eu me calei, mudei meu jeito de conviver com ela mas seguia porque precisava evitar questionamento e os porquês de meu pai....
O ano terminou e um belo dia ela se foi....ela acompanhou o sujeito que não tinha nada para lhe oferecer ...nem dignidade.....Nossa casa ficou triste...eu tive que ser muito forte e acalentar a todos, coitado de meu pai, por muitas vezes o peguei chorando no escritório....um dia resolvi chamá-lo para sair com minhas amigas conhecer os pais delas e enturmar para  sair do casulo...demorou mas consegui.....a essa altura eu já não vivia minha vida estava só em função de colocar a casa de pé...foi difícil...ela ficou me devendo a minha adolescência....anos depois meu pai reagiu voltou a ter ilusão e voltou a namorar e eu fiquei realizada vendo seu ânimo e sua autoestima, meus irmãos tocaram adiante seus estudos e ficaram bem também.
Eu pude então me recompor e cuidar de minha vida, eu encontrei no meu trabalho uma pessoa enviada por Deus que me completou e me faz feliz, tenho dois filhos sou uma pessoa realizada e ela.....temos notícias
sim....uma vida cheia de conflitos, uma situação financeira péssima e prova o sabor do arrependimento e eu
sem querer ser dura acho que não poderia ser diferente ,uma pessoa que fingiu ser o que não era, fez sofrer a quem sempre lhe deu tudo...me fez ver por anos a vida escura sem brilho e sem sentido nenhum, apenas depois que a nuvem negra que ela deixou se desfez é que hoje eu posso ver cores na vida e falar desse passado que nem parece que fui protagonista....







Annaterra

                                               
                                                 



quarta-feira, 4 de junho de 2014

EU NÃO CONHECI O AMOR....Será que ainda dá tempo???

Eu tinha apenas treze anos , nasci e até aquela idade morava em um sítio nos confins do norte do País.Minha infância foi interrompida por incrível que pareça com um casamento,eu não sabia nada da vida só sabia brincar e de repente meu pai por ignorância ou esperteza me cedeu ou me vendeu para o capataz da fazenda,um homem que eu mal cumprimentava.
O grande dia chegou,me vestiram de noiva e ele me levou para a igreja que ficava quilômetros e mais quilômetros dali,é difícil acreditar mas ele montou num cavalo sem trocar um dedo de prosa e eu fui á pé atrás....hoje vejo tudo muito claro,naquele dia eu não tinha a malícia de julgá-lo mas hoje sei que ali com aquela atitude mostrava sua estupidez seu egoísmo sua brutalidade e foi com ele que tive que conviver anos de tristeza... de choro...minhas idéias eram infantis o tempo em que ele ficava na roça eu terminava meu serviço e ia brincar com as meninas vizinhas, minha tristeza começava quando ele chegava.....eu nunca passei de uma máquina de fazer filho mas de tantos que engravidei só consegui ter um pois ele me maltratava e eu que era tão franzina tão frágil de saúde perdia e ao todo foram quatro graças aos safanões que ele me dava.Eu não tinha ninguém por mim,ele se mudou comigo para longe de meus pais e mesmo que eu pudesse eu tinha muita mágoa deles e sei que não poderia  contar com a ajuda deles para me salvar daquele monstro que eles mesmo teriam me entregado ou vendido....a segunda opção é a mais provável.....
A vida seguia,eu estava sem alma,vida para mim não tinha sentido nenhum,ele saía voltava não me explicava nada fazia o que queria da vida dele e eu era um objeto por isso me sentia sem alma,era o  modo que ele me  tratava.Logo que o único filho nasceu eu tive notícia que o  meu "marido" caíra de um cavalo na fazenda e estava num hospital da cidade muito mal,eu não tive vontade nenhuma de vê-lo e não fui,ele faleceu.....para mim ele nunca existiu, senti um pássaro com a gaiola aberta...sim mas sem saber o que fazer pois ele matou meus sonhos,então eu continuei sem alma.....meu filho foi crescendo e eu vivendo por obrigação ele me deixou bem financeiramente mas eu não tinha interesse nenhum pelos bens,queria minha infância e minha juventude de volta....mas estava ali a prova de minha existência...meu filho...eu tinha trinta e cinco e meu filho dezoito,um excelente rapaz,educado preparado para vida com grande vontade estudar e me amava muito.
E passei muitos anos calada sem emoção nenhuma minha família era meu filho,ele talvez não entendesse meu jeito de ser porque não conheceu o pavor que o pai transmitia.e eu nunca contei então era um moço com a alma sadia porque não tinha conhecido e nem sentido  a maldade.
Ele era meio amigo me incentivou a voltar estudar mesmo eu me achando velha para isso,fiz curso rápido para conseguir o fundamental e o médio e estou cursando enfermagem ,gosto disso mas a minha alegria ficou lá na fazenda quando eu tinha meus treze anos.Eu leio muito e vejo tantas histórias lindas de amor e eu me pergunto....será que ainda dá tempo de conhecer alguém e poder me apaixonar?como será isso?será que vou passar por esta vida sem saber o que é o amor?eu espero por este sentimento, eu preciso tirar esta mágoa de meu coração,esta má impressão de casamento que me marcou tanto ,os romances que leio só vejo sentimentos bons mesmo que não correspondido porque logo vem outra paixão ....eu preciso fazer uma faxina em meu coração e saber que posso ainda ser amada e amar como as pessoas normais,embora não me sinta mas.... sou muito jovem ainda,e vou esperar por uma luz no fim do túnel....acho que tenho este direito para compensar minha infância ultrajada....
                              
   Autora:Annaterra