sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A felicidade está nas simples e pequenas coisas......

Vou narrar minha vida sem muitos detalhes pois senão virará um livro.
Eu sou  filha de um funcionário do mais alto escalão do governo do meu Estado natal.Era filha única,quem
me criava na verdade era a Bá,meus pais sempre ocupados com convidados,festas,passeios com pessoas
influentes.Eu não tinha nenhuma liberdade,não podia brincar com outras crianças,para ir ao colégio era com motorista e este não tirava os olhos de cima de mim.Enfim ....eu não vivia.
Meus pais viajavam muitos e só durante essas viagens é que a Bá,sentindo pena de mim,me levava para co-
nhecer e brincar com crianças da família dela mas tudo era um segredo nosso.Para mim eram os melhores dias.
Os anos foram se passando e eu  naquela segurança máxima,aquele luxo todo que nunca me agradou, eu
invejava a vida daquelas crianças que eu brincava no sítio que a Bá me levava escondido de meus pais,eu
invejava os pés no chão,o sentar na grama,tomar banho de bacia,comer com as mãos eram tão felizes.......
Fiz meus quinze anos fui apresentada a tal sociedade na qual me respeitavam por imposição do sistema mas
eu sabia que era tudo um jogo de interesses.Nem meus pais gostavam de mim o suficiente,eram muito práti-
cos.A Bá sim,ela era minha mãe,ela sabia tudo de mim,meu apego e meu refugio era com ela e por ela.
Mais uma vez meus pais viajaram para o exterior, eu fiquei e a Bá aproveitou para me levar para conhecer
seu povo numa fazenda não tão perto dali.,mas meus pais não voltariam tão cedo,e com certeza durante es-
tas viagens procuravam a dedo um bom partido para mim,eu nem pensava nisso.
Os dias na fazenda estavam maravilhosos,fui na roça e lotado de trabalhadores,quero dizer "roçeiros",olhei
sem querer para um por baixo do chapéu,pois todos usavam um chapelão por causa do sol ardente.Gente
que moço lindo se escondia atrás daqueles trapos,que olhar penetrante,nossos olhos se cruzaram e eu pela
primeira vez senti meu coração pulsar mais forte,foi só isso.Fomos embora para a casa grande,á noite ia ter
um baile na colónia,só participava os roçeiros moradores dali e das fazendas vizinhas,gente da alta como eu
jamais aparecia num baile desses.
Pedi  para a Bá me levar que queria conhecer o ambiente e ver de  perto essa festa,senão eu jamais teria a
oportunidade,ela nada me negava,ela era a mãezona ,mesmo.
Adorei,era muita alegria,todos felizes bem arrumadinhos sem luxo nenhum,a música era convidativa,ele esta-
va lá.....mais lindo que nunca.Eu  pedi a Bá para falar com ele para me tirar para dançar  pois eu  sabia que
ele não se atreveria,todos ali me olhavam como se eu não fosse gente....eu me sentia tão mal.Como eu queria ser amiga de todos sem esse respeito que eles mantinham para comigo.
O tal moço veio me pedir  para dançar a mando da Bá,eu fiz tudo para que ele se soltasse e agisse  normal-
mente comigo, queria que ele soubesse que eu era uma moça comum e que pessoas para mim não tinham
não tinham posição social,nem raça nem credo,simplesmente gente como eu. A  festa acabou e eu já  fui
fazendo planos de minha vida com ele,mas quem sabia disso era só eu e a Bá.Ela sorria e dizia que eu nunca
ia poder ficar com ele,que jamais meus pais ia aceitar......disso eu sabia..........mas para mim,bastava que ele
me aceitasse,o resto eu cuidaria.
No dia sseguinte tivemos um encontro na roça e como sempre eu tinha que dar o começo,ninguém  me  di-
rigia uma palavra fora do comum,tinha medo do senhor dos "aneis".......eu estava tão cheia disso.....eu fui lo-
go falando..... ,se você me ama eu também te amo diga sim ou não,se  você disser sim eu enfrento tudo e  a
gente casa.......Olha  gente ,que cara de pau a minha.....mas na minha posição contra a dele eu não tinha ou-
tra alternativa.
Para encurtar a história,quando meus pais souberam me puseram na rua com a bá,me deserdaram,  eu  fui
junto dela para seu  povo que me acolheram como membro  da família,eu me casei,o rapaz era muito apai -xonado e  com muita vontade vencer, esforçado ,querido,logo comprou um sitio que era uma gracinha e assim formei minha família juntamente com a Bá.
Amo meu marido e tudo que tenho,amo este chão que piso,amo a vida que tenho.Sou feliz,pela primeira vez 
em tantos anos de luxo e riqueza.
Meus pais..... eu nunca mais os procurei,remorso?nenhum,deixei este sentimento para eles curtirem,pois lido
com esta separação com a mesma praticidade de sentimentos que eles me tratavam.........me preocupo sim com minha verdadeira mãe que é a Bá, mas ela está comigo e foi ela que favoreceu este encontro  de amor
entre eu e meu marido........Ele não tem a nobreza no nome mas a nobreza de alma.,pra mim é o que conta.






Autora: Anna terra