segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma dívida impagável......


Contando nossa história as pessoas não acreditam.Mas vivemos esta situação.
A gente começou a se apaixonar ainda no colégio,foi o primeiro amor de ambos.
Eu conhecia bem a família que tenho,então teria que esconder,eu dizia que era por eu ser muito nova...esse era um dos motivos,e maior era o outro....a cor.
A família , desde a bisa eram super racista, vieram da
Itália e a mente nunca se abriu, tínhamos amigos,vizi- nhos,funcionários negros,mas nunca passava disso,
jamais,passou pela cabeça deles que um negro poderia
fazer parte da família.
Como explicar isso à ele.....era difícil pois eu tinha a consciência de que somos todos somos iguais perante Deus,independente de raça,credo,posição social e tudo mais.Lá em casa o jeito e encarar esse namoro seria muito 
 diferente.
Essa vida durou,o colégio,e fomos pro cursinho e ele começou a me pressionar que queria se apresentar à minha família....mal sabia ele o barulho que ia dar.
Não tive mais saída,entreguei ao Senhor e o levei para casa,as fisionomias eram todas iguais....não tinha como não
 perceber a decepção no rosto de cada um ,todo mundo sem jeito, ele notou lógico mas muito fino e educado   aguentou firme.Não teve coragem de pedir minha mão o que era muito importante para a família real.....sangue azul.
Ele se foi,tudo bem,mas quando ele virou a esquina o pau quebrou lá em casa,era uma boca  só falando que,jamais alguém ousou levar um negro para apresentar como namorado.Eu só disse,é dele que gosto é com ele que caso,é um ser especial,de família educada e   bem estruturada e para mim é o bastante.  
O clima ficava  cada vez mais tenso.meu pai falou que se eu teimasse ele me tiraria da herança,porque não queria misturar raças na família.Eu só disse que o patrimônio dele dá para nós dois,e mesmo que não tivesse,ele vai ser médico e ganhará o suficiente,para nosso sustento.
Passaram-se meses,anos e as pessoas não mudaram de opinião,só de tratamento comigo.
Ficaram esquivas e de poucas palavras.
Eu tentava falar com meus pais,mas eles não queriam nem ouvir o assunto.Um dia ,meu irmão caíu doente,e fo-ram ao médico e ficaram de lá pra cá,exames para todo lado....era leucemia....estava grave e só uma medula tal-
vez resolvesse o problema,
Todos entramos em choque e começamos a fazer exames para ver se éramos compativeis,comentei com meu namorado o nosso dikema,ele se prontificou em fazer também,que inocente,meu namorado negro.Nem  comen- tei com meus pais,pois não sabia a reação.
Que tristeza,nenhum de nós era compatível e meu irmão indo embora,meu pai só chorava junto com minha mãe tínhamos que esperar na fila mas será que daria tempo?
O meu namorado foi ver como médico,pois tínhamos pedido sigilo quanto ao resultado.
.Meus pai não sabiam e era apenas uma tentativa,nem comentamos com ninguém,como ele já fazia medicina tinha lá seus contatos,e liberdade para pedir favores ou ética.
Fomos saber....era compatível,só não sabíamos da rejeição.....e agora,como dizer a meus pais.Nosso lar estava fúnebre,à espera de um milagre....eu cheguei e sem fazer rodeios e disse aos meus pais  que arregalaram os olhos
 e com muito brilho e perguntou se eu tinha pedido a ele....eu disse  que não pois pois dá muito valor à vida,por isso quer salvar vidas.
Mais que depressa meu pai largou orgulho e o preconceito no sofá e foi ligar para ele e o médico´pra marcarem,a cirurgia.Meu namorado ainda falou meu senhor, pode haver rejeição,não é totalmente a solução por enquanto.Meu pai disse que teríamos que tentar e a fé dele ia fazer com que não houvesse nada errado.Eu pedi de joelhos à Deus e
ele não faz nada pela metade,disse meu pai,você foi colocado em nossa família,não por  acaso,foi enviado por ele .Minha filha.....devemos à vida de seu irmão à uma pessoa  que abominamos.....como reparar isso?Não há reparação papai há pedido de perdão  mas sua herança continuará intácta pois não quero participar dela.
Só quero a cura de meu irmão e a cura da consciência da família inteira....pois a solidariedade é universal ,quero a união dos povos porque todos nós temos os mesmos ideais ......a  paz e a felicidade....
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Autora:annaterra        

domingo, 18 de julho de 2010

Unindo forças.....troca de generosidade.

Venho de um casamento desfeito por uma tragédia,éramos um casal normal tínhamos dois filhos adolescentes,uma menina com quinze e um menino com dezessete,a menina
começou a namorar e nós a impedimos,ela
mesmo assim começou a se encontrar com ele às escondidas,e nós chegamos ao extre-
mo de tirá-la do colégio noturno para proibir o namoro.O rapaz trabalhava durante o dia então ficou difícil.Com isso o rapaz que devia ser um bom menino terminou,pois diante de tanta pressão.....pegamos muito
pesado com ela,hoje reconheço.Ela não aguentou a pressão e com sua pouca idade
fez a grande bobagem,entrou no quarto e se suicidou....deixou uma carta.Sem comentá-
rios com  respeito ao nossos sentimentos.
Foi sinistro,mudamos até de residência, de bairro para fugir dos comentários,como se já não bastasse nossa dor.
Ela não entendeu nossa posição.sabíamos que um namoro sério nessa idade só estraga
futuros brilhantes,era o que queríamos para ela.
Bem nossa casa se tornou fúnebre ....as culpas eram jogadas de um para o outro e no fundo no fundo todos tinham culpa,eu, o pai ,o irmão que tambem a policiava e até ela
por tomar medida tão drástica.
A família se esfarelou......meu filho resolveu estudar fora,meu marido se calou e eu re-
solvi que seria melhor a separação,para que nos desse uma chance de continuar viven-
do.Numa boa,dividimos o que tínhamos e eu fui para algum lugar onde pudesse pensar o que fazer com  aquela avalanche inesperada.Foram dias,foram meses de ansiedade de
procura dentro de mim mesma,onde iria?o problema me seguiria,e esse era insolúvel.
Resolvi,viajei muito,sempre calada,pensativa,não fiz amizade nas viagens,eu e meus pensamentos,que giravam,giravam e chegavam no mesmo lugar.Cheguei numa cidade turística,pequena...aconchegante,tinha praia e vários chalés à venda....era ali que eu ficaria,de encontro com a natureza,provaria e tudo um pouco de muito perto....verão,
inverno,ventos muito fortes tanto quanto o sol,brisas na noite,era do que precisava....
um abraço da natureza.....
Refiz minha casa,enchi de flores,nada de fotos,pois as pessoas eu trazia dentro de mim.
Todas as manhãs eu ia correr em volta do mar  aquilo me fazia um bem enorme.Muitas
noites ficava na janela olhando as estrelas,o mar revolto.Uma noite percebi que em um
chalé de frente ao meu tinha uma pessoa que fazia exatamente o que eu fazia,até então
como eu vivia no meu mundo eu não percebia o meu redor.
No dia seguinte fui correr e o vi,era um senhor mais ou menos da minha idade,pois eu
tinha quarenta,era mais ou menos isso.Calado,tranquilo e nunca acompanhado,eu esta-
va cansada de não ter com quem conversar,passava dias e dias sem trocar uma palavra
só falava quando ia ao mercado.
Uma manhã dei-lhe bom dia...ele respondeu,eu disse a ele se gostava dali,ele disse sim,
e que era a razão da vida dele.Eu disse eu moro em frente à voce, apareça para bater-
papo,traga sua família...Passaram se duas noites e eu via ele na janela...até que veio...de
madrugada mesmo,me perguntou se estava sem sono e eu disse entra eu nunca durmo.
è eu também.às noites são difíceis para mim,eu cochilo de dia é mais fácil..eu também.
Na manhã seguinte fomos correr juntos  ele me convidou para ir à casa dele,eu fui,tinha
fotos, ele disse essas fotos são meu passado....eu os deixei lá atrás.....eu lhe disse,pois
preferi deixar as fotos também,achei menos dolorido,vi que ficou triste.Eu disse,um dia a gente fala disso.A amizade foi se estreitando,sentávamos na praia à noite,e já conse- guíamos falar de nós.
Ele me falou que há dois anos perdeu a esposa num acidente e que ele estava junto,e
não queria ter sobrevivido,eu disse que nossas dores eram as mesmas,mas solução.
 Eu também estava ali,e   por isso me isolei,narrei o acontecido,a destruição da minha
família e que cada um acha que sua dor é maior,mas em se tratando de perda humana,
tudo é dor e é imensa,sem conforto,o que poderíamos fazer era unir nossa tristeza e
 seguir em frente.
Assim continuamos a nos visitar,a nos encontrar na praia,até que um dia nos pegamos abraçados,foi tão automático,tão sem intenção....acho que foi carência das duas partes,
estávamos precisando de um porquê viver...e estamos assim,namorando e tentando nos
reerguer....tenho certeza que conseguiremos,pois,somos duas crianças que brincam na praia....quem sabe não foi nossos entes queridos que nos uniu?......


Autora:annaterra