Desde mocinha descobri que era muito bonita, além do normal......de tanto as pessoas comentarem eu assumi essa condição mas de forma errada.Criou-se em mim o egocentrismo o exibicionismo.....Aquela beleza toda não me ajudava no lado sentimental, todos queriam me namorar, mas só para ganhar a disputa, eles não me amavam e sim a minha beleza.....com o tempo fui descobrindo eu representava um troféu para eles. A relação era tumultuada por ciúmes doentio acabava ...acabando. Eu tive muitos aborrecimentos. Foram muitas decepções, muitos desencontros e depois de muitos tropeços me vi num bordel, mas até chegar a este ponto muita coisa aconteceu, a história é longa. Lá meu ego era massageado todos os dias, os homens continuavam a me disputar, as mulheres de lá me invejavam, isso me alimentava, dava vasão a minha
vaidade, ao meu egocentrismo.
Hoje vejo o quanto fui fútil e leviana. Eu nunca me apaixonava aquela era minha profissão,vender beleza,"ser usada"só hoje tenho essa consciência. A coisa que fiz certa,foi empregar aquele dinheiro,comprando bens e imóveis. Fui salva pelo gongo......a vaidade era minha amiga maior, vivi durante anos me achando a pessoa mais bela do planeta.......um dia me vi grávida.......tive um menino. Eu tinha toda condição de poder ter alguém para cuidar poder vê-lo todos os dias......Quem era o pai? como saber? eu não me preocupava, continuei minha vida sem, me preocupar pois a pessoa que cuidava de meu filho era doce e amorosa.Continuei meu trabalho que para mim era normal,usava minha beleza de um modo decadente e daí tirava o sustento para meu ego.
A vadiagem era minha profissão,foi o que fiz de mim,a bela não soube lidar com a dádiva de Deus lhe deu, se deixou usar......inverteu os papeis.Bem.....depois de uns anos eu novamente grávida.......quem era o pai?não saberia,e também não me preocupava......
Era uma menina e ela veio de encontro com meus valores tão invertidos, foi enviada por Deus para me colocar de pés no chão e me ensinar a amar.....até então eu não sabia o que era amar,me doar .....a minha bebê tinha uma síndrome cruel, a possibilidade de ser uma criança sadia era mínima. A minha pequena veio me buscar para uma realidade, jamais vivida, a notícia de que nunca fosse falar ou andar me fez amá-la mais, alguém precisava de mim, foi o que senti,não precisava da minha beleza e sim da minha presença dioturnamente. Eu me senti gente, pessoa comum como todos, eu tirei o amor de cima de mim e dei a ela, para o menino eu me dedicava sim,mas ele não precisava de mim por inteira.....ela sim. Meus valores realmente eram outros, só pedia a Deus saúde e muito tempo de vida para cuidar dela. Esta menina veio me dar um lar, uma consciência do que é ser mãe,do que é amar.....E eu pude me dedicar aos dois como mãe, pelo menos eu usei a cabeça e poderia para de trabalhar se é que eu trabalhava......mas podia viver de rendas e cuidar de meu bebê,pois ela seria sempre o meu bebê e eu agradecia a Deus por tê-la......seriam duas pessoas que me amariam pelo que eu era e não pela beleza, passei a valorizar a beleza interna e descobri que eu a tinha, e nunca parei para pensar neste sentimento tão nobre. Tenho uma bela casa, e uma família, o menino já com nove anos e meu bebê com quatro......não nos falta nada e amor temos e sobra, este anjo veio me lembrar que a beleza externa acaba, e eu a agradeço por me ensinar isto, sou muito feliz com meus filhos. Deixei as futilidades e me dedico totalmente à meus filhos, principalmente à esse anjo que me ensina a cada dia,o sentimento do dar e receber, eu os amo e eles retribuem sem interesse algum, eu me
sinto bela mas não no sentido plástico, sim de alma de sentimentos bons.
Meu bebê me trouxe a paz e me fez encontrar dignidade o que nunca tive, e sim apenas ...a vaidade.......
