quarta-feira, 4 de junho de 2014

EU NÃO CONHECI O AMOR....Será que ainda dá tempo???

Eu tinha apenas treze anos , nasci e até aquela idade morava em um sítio nos confins do norte do País.Minha infância foi interrompida por incrível que pareça com um casamento,eu não sabia nada da vida só sabia brincar e de repente meu pai por ignorância ou esperteza me cedeu ou me vendeu para o capataz da fazenda,um homem que eu mal cumprimentava.
O grande dia chegou,me vestiram de noiva e ele me levou para a igreja que ficava quilômetros e mais quilômetros dali,é difícil acreditar mas ele montou num cavalo sem trocar um dedo de prosa e eu fui á pé atrás....hoje vejo tudo muito claro,naquele dia eu não tinha a malícia de julgá-lo mas hoje sei que ali com aquela atitude mostrava sua estupidez seu egoísmo sua brutalidade e foi com ele que tive que conviver anos de tristeza... de choro...minhas idéias eram infantis o tempo em que ele ficava na roça eu terminava meu serviço e ia brincar com as meninas vizinhas, minha tristeza começava quando ele chegava.....eu nunca passei de uma máquina de fazer filho mas de tantos que engravidei só consegui ter um pois ele me maltratava e eu que era tão franzina tão frágil de saúde perdia e ao todo foram quatro graças aos safanões que ele me dava.Eu não tinha ninguém por mim,ele se mudou comigo para longe de meus pais e mesmo que eu pudesse eu tinha muita mágoa deles e sei que não poderia  contar com a ajuda deles para me salvar daquele monstro que eles mesmo teriam me entregado ou vendido....a segunda opção é a mais provável.....
A vida seguia,eu estava sem alma,vida para mim não tinha sentido nenhum,ele saía voltava não me explicava nada fazia o que queria da vida dele e eu era um objeto por isso me sentia sem alma,era o  modo que ele me  tratava.Logo que o único filho nasceu eu tive notícia que o  meu "marido" caíra de um cavalo na fazenda e estava num hospital da cidade muito mal,eu não tive vontade nenhuma de vê-lo e não fui,ele faleceu.....para mim ele nunca existiu, senti um pássaro com a gaiola aberta...sim mas sem saber o que fazer pois ele matou meus sonhos,então eu continuei sem alma.....meu filho foi crescendo e eu vivendo por obrigação ele me deixou bem financeiramente mas eu não tinha interesse nenhum pelos bens,queria minha infância e minha juventude de volta....mas estava ali a prova de minha existência...meu filho...eu tinha trinta e cinco e meu filho dezoito,um excelente rapaz,educado preparado para vida com grande vontade estudar e me amava muito.
E passei muitos anos calada sem emoção nenhuma minha família era meu filho,ele talvez não entendesse meu jeito de ser porque não conheceu o pavor que o pai transmitia.e eu nunca contei então era um moço com a alma sadia porque não tinha conhecido e nem sentido  a maldade.
Ele era meio amigo me incentivou a voltar estudar mesmo eu me achando velha para isso,fiz curso rápido para conseguir o fundamental e o médio e estou cursando enfermagem ,gosto disso mas a minha alegria ficou lá na fazenda quando eu tinha meus treze anos.Eu leio muito e vejo tantas histórias lindas de amor e eu me pergunto....será que ainda dá tempo de conhecer alguém e poder me apaixonar?como será isso?será que vou passar por esta vida sem saber o que é o amor?eu espero por este sentimento, eu preciso tirar esta mágoa de meu coração,esta má impressão de casamento que me marcou tanto ,os romances que leio só vejo sentimentos bons mesmo que não correspondido porque logo vem outra paixão ....eu preciso fazer uma faxina em meu coração e saber que posso ainda ser amada e amar como as pessoas normais,embora não me sinta mas.... sou muito jovem ainda,e vou esperar por uma luz no fim do túnel....acho que tenho este direito para compensar minha infância ultrajada....
                              
   Autora:Annaterra

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