domingo, 18 de julho de 2010

Unindo forças.....troca de generosidade.

Venho de um casamento desfeito por uma tragédia,éramos um casal normal tínhamos dois filhos adolescentes,uma menina com quinze e um menino com dezessete,a menina
começou a namorar e nós a impedimos,ela
mesmo assim começou a se encontrar com ele às escondidas,e nós chegamos ao extre-
mo de tirá-la do colégio noturno para proibir o namoro.O rapaz trabalhava durante o dia então ficou difícil.Com isso o rapaz que devia ser um bom menino terminou,pois diante de tanta pressão.....pegamos muito
pesado com ela,hoje reconheço.Ela não aguentou a pressão e com sua pouca idade
fez a grande bobagem,entrou no quarto e se suicidou....deixou uma carta.Sem comentá-
rios com  respeito ao nossos sentimentos.
Foi sinistro,mudamos até de residência, de bairro para fugir dos comentários,como se já não bastasse nossa dor.
Ela não entendeu nossa posição.sabíamos que um namoro sério nessa idade só estraga
futuros brilhantes,era o que queríamos para ela.
Bem nossa casa se tornou fúnebre ....as culpas eram jogadas de um para o outro e no fundo no fundo todos tinham culpa,eu, o pai ,o irmão que tambem a policiava e até ela
por tomar medida tão drástica.
A família se esfarelou......meu filho resolveu estudar fora,meu marido se calou e eu re-
solvi que seria melhor a separação,para que nos desse uma chance de continuar viven-
do.Numa boa,dividimos o que tínhamos e eu fui para algum lugar onde pudesse pensar o que fazer com  aquela avalanche inesperada.Foram dias,foram meses de ansiedade de
procura dentro de mim mesma,onde iria?o problema me seguiria,e esse era insolúvel.
Resolvi,viajei muito,sempre calada,pensativa,não fiz amizade nas viagens,eu e meus pensamentos,que giravam,giravam e chegavam no mesmo lugar.Cheguei numa cidade turística,pequena...aconchegante,tinha praia e vários chalés à venda....era ali que eu ficaria,de encontro com a natureza,provaria e tudo um pouco de muito perto....verão,
inverno,ventos muito fortes tanto quanto o sol,brisas na noite,era do que precisava....
um abraço da natureza.....
Refiz minha casa,enchi de flores,nada de fotos,pois as pessoas eu trazia dentro de mim.
Todas as manhãs eu ia correr em volta do mar  aquilo me fazia um bem enorme.Muitas
noites ficava na janela olhando as estrelas,o mar revolto.Uma noite percebi que em um
chalé de frente ao meu tinha uma pessoa que fazia exatamente o que eu fazia,até então
como eu vivia no meu mundo eu não percebia o meu redor.
No dia seguinte fui correr e o vi,era um senhor mais ou menos da minha idade,pois eu
tinha quarenta,era mais ou menos isso.Calado,tranquilo e nunca acompanhado,eu esta-
va cansada de não ter com quem conversar,passava dias e dias sem trocar uma palavra
só falava quando ia ao mercado.
Uma manhã dei-lhe bom dia...ele respondeu,eu disse a ele se gostava dali,ele disse sim,
e que era a razão da vida dele.Eu disse eu moro em frente à voce, apareça para bater-
papo,traga sua família...Passaram se duas noites e eu via ele na janela...até que veio...de
madrugada mesmo,me perguntou se estava sem sono e eu disse entra eu nunca durmo.
è eu também.às noites são difíceis para mim,eu cochilo de dia é mais fácil..eu também.
Na manhã seguinte fomos correr juntos  ele me convidou para ir à casa dele,eu fui,tinha
fotos, ele disse essas fotos são meu passado....eu os deixei lá atrás.....eu lhe disse,pois
preferi deixar as fotos também,achei menos dolorido,vi que ficou triste.Eu disse,um dia a gente fala disso.A amizade foi se estreitando,sentávamos na praia à noite,e já conse- guíamos falar de nós.
Ele me falou que há dois anos perdeu a esposa num acidente e que ele estava junto,e
não queria ter sobrevivido,eu disse que nossas dores eram as mesmas,mas solução.
 Eu também estava ali,e   por isso me isolei,narrei o acontecido,a destruição da minha
família e que cada um acha que sua dor é maior,mas em se tratando de perda humana,
tudo é dor e é imensa,sem conforto,o que poderíamos fazer era unir nossa tristeza e
 seguir em frente.
Assim continuamos a nos visitar,a nos encontrar na praia,até que um dia nos pegamos abraçados,foi tão automático,tão sem intenção....acho que foi carência das duas partes,
estávamos precisando de um porquê viver...e estamos assim,namorando e tentando nos
reerguer....tenho certeza que conseguiremos,pois,somos duas crianças que brincam na praia....quem sabe não foi nossos entes queridos que nos uniu?......


Autora:annaterra

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